Art Spiegelman, nascido em Estocolmo, 15fev1948, é ilustrador, cartunista e autor de histórias em quadrinhos americano nascido na Suécia. Atuou durante a década de 1990 na produção de charges, ilustrações e capas para revista novaiorquina The New Yorker. Duas de suas obras mais conhecidas são a semi-biográfica Maus e a coletânea de tiras em quadrinhos In the Shadows of No Towers. Spiegelman é o único autor de quadrinhos a ganhar um prêmio Pulitzer.
Spiegelman foi uma figura de destaque no chamado movimento underground dos quadrinhos nas décadas de 1960 e 70, contribuindo para publicações como Real Pulp, Young Lust e Bizarre Sex. No começo de 1968, ele sofreu um colapso nervoso no Harpur College em Binghamton, Nova York, onde estudava. Levado para um manicômio, Spiegelman logo se recuperou. Pouco tempo depois sua mãe, Anja Spiegelman, sobrevivente de Auschwitz, cometeu suicídio enquanto Art passava um fim de semana com sua namorada. Ele incluiria sua história "Prisioner on the Hell Planet" de 1973 em MAUS, que descrevia este evento traumático.
Posteriormente Art trabalharia como ilustrador de adesivos e pôsteres. Fundou duas publicações antológicas de quadrinhos, a Arcade, com Bill Griffith, e a RAW, com sua esposa, a artista e quadrinista Françoise Mouly. Em 1986 foi lançado o primeiro volume de Maus (Maus: A Survivor’s Tale) que retratava a história de como seus pais sobreviveram ao Holocausto. O segundo volume, Maus: And Here My Troubles Began, sairia em 1991. Esta obra atraiu imensa atenção da crítica para um trabalho feito em quadrinhos, incluindo uma exibição no Museu de Arte Moderna em Nova York e rendendo-lhe um prêmio Pulitzer especial em 1992.
Spiegelman trabalhou para a The New Yorker, mas demitiu-se poucos meses depois dos Ataques de 11 de Setembro. Sua arte de capa New Yorker para a revista publicada pouco depois dos eventos foi bastante aclamada. Foi inspirada pelas pinturas em preto-e-branco de Ad Reinhardt: de início parece ser totalmente preta, mas depois de examinar com atenção pode-se perceber as silhuetas das torres do World Trade Center num tom ainda mais escuro. Spiegelman afirma que sua demissão da The New Yorker foi um protesto pelo "conformismo geral" na mídia norte-americana. Ele é um crítico implacável da administração do presidente George W. Bush, e clama que a mídia americana tornou-se "conservadora e retraída". Ele disse que a The New Yorker censurou seu trabalho, incluindo uma capa para o 4 de julho apresentando uma bomba atômica e outra para a edição do Dia de Ação de Graças mostrando um avião do exército norte-americano jogando perus no Afeganistão, com o título de "Operation Enduring Turkey".
Em setembro de 2004 ele lançou o livro In the Shadow of No Towers, no qual relata suas experiências sobre o ataque às torres gêmeas e seus posteriores efeitos psicológicos. Em 2005, a revista Time elegeu Spiegelman uma das 100 Pessoas Mais Influentes do Mundo Revista Time. Art é um destacado promotor dos quadrinhos, viajando pelos EUA constantemente com uma palestra chamada Comix 101. Ele e Françoise também editam uma série de quadrinhos infantis chamada Little Lit.
O 39º Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, dedica uma minuciosa retrospectiva ao autor Art Spiegelman. O festival, que revisa o trabalho do norte-americano por meio de desenhos originais, cadernos, e esboços pode ser visitado até domingo na homenagem que a cidade de Angoulême, no oeste da França, faz às histórias em quadrinhos todos os anos. Grande parte da exposição analisa o processo criativo que levou Spiegelman a desenhar dois volumes de 296 páginas em preto e branco, publicados em 1986 e 1991, nos quais reúne a experiência de seu pai, Vladek, em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Spiegelman fez as duas obras com saltos no tempo e pinceladas minimalistas, transformando os personagens em animais antropomorfos (ratos para os judeus, gatos para os nazistas, rãs para os franceses e cachorros para os americanos) e sem renunciar a um ápice de humanidade e seu ácido senso de humor a cada vez que abre a boca ou desenha. A prova disso é o retrato que traça de seu pai, o deportado número 175113, a quem transformou em um rato pão-duro e egoísta, atormentado pelos anos que passou em um campo de extermínio nazista. O autor também representa a si mesmo na segunda parte de "Maus" como uma pessoa ridiculamente angustiada pela notoriedade do primeiro volume de uma obra que se tornou sucesso de crítica e vendas e mudou profundamente sua vida. "Maus" é um livro "que não se fecha nem para dormir", dizia o escritor italiano Umberto Eco, lembraram os organizadores do festival.
A retrospectiva que chega agora a Angoulême - e que em fevereiro viajará ao Centro Pompidou de Paris - recolhe as anotações das entrevistas que Spiegelman manteve com seu pai para preparar o livro e os rabiscos que ia fazendo até transformá-los em páginas, além de camisetas, pôsteres e dúzias de páginas do livro original. O evento faz um passeio pela obra à qual o próprio Spiegelman, presidente do júri do festival e melhor autor estrangeiro em 1993, dedicou uma minuciosa análise em seu novo livro, "MetaMaus". Mas o festival de história em quadrinhos mais importante da Europa não se limita à consagrada e reeditada obra-prima de Spiegelman. Recupera também peças de seu início de carreira como assessor criativo da marca de chicletes Topps e exemplares do primeiro de seus fanzines "Blasé", publicado em 1963 e inspirado na célebre revista "MAD", fundada por Harvey Kurtzman. O evento destaca ainda sua experiência como editor à frente da revista underground "Raw", entre 1980 e 1991, na qual publicou autores como Charles Burns, José Muñoz, Jacques Tardi e Javier Mariscal, entre outros.
As paredes do Bâtiment Castro de Angoulême, que abriga a exposição, são ilustradas ainda pela capa que Spiegelman, que vive em Manhattan, desenhou para a revista "The New Yorker" duas semanas depois dos atentados de 11set2001, na qual sintetizou a tragédia com duas sóbrias torres negras sobre um fundo cinza monocromático. Um ano depois, publicou no jornal alemão "Die Zeit" a história em quadrinhos "À Sombra das Torres Ausentes", onde lança seu peculiar olhar sobre o dramático atentado contra as Torres Gêmeas de Nova York.
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